Guia Completo da Tatuagem (Pt. 1): História da tatuagem
Este é sem dúvida um post que quero escrever a muito tempo e que certamente me tomou tantas horas quanto o Guia Completo do Alargador de Orelha. Chamar de O Mais completo guia de informações sobre a tatuagem seria exagero, tendo em vista que o assunto é demasiadamente extenso e complexo, além de estar sempre se atualizando e adquirindo novidades diariamente. Mas fiz o possível para tornar esta série de posts a mais completa possível, falando desde a origem da tatuagem, passando pelo material utilizado para fazer tatuagens e terminando nos cuidados. O Guia Completo da Tatuagem tem o mesmo intuito do Guia Completo do Alargador de orelha que é contar a origem da tatuagem e conscientizar sobre cuidados com sua tatuagem. De pequena a enorme, a tatuagem está ganhando cada vez mais espaço na sociedade moderna devido à grande adesão das celebridades hollywoodianas ao hábito de se tatuar e por este motivo nada mais cabível a este blog do que fazer um guia sobre o assunto:
A origem da tatuagem:
Não se pode definir uma única origem à arte da tatuagem e ao costume de fazer desenhos na pele por meio da injeção de tinta. Isso porque a tatuagem surgiu em diversas partes do mundo ao mesmo tempo e com diversos propósitos diferentes ao longo da História da Humanidade. Charles Darvin, quando escreveu o livro “A Descendência do Homem” em 1871, afirmava que do Pólo Norte à Nova Zelândia não havia aborígine que não se tatuasse. Para entender o conceito de multinascimento, alguns críticos supõem que a tatuagem estava na bagagem das grandes migrações dos grupos humanos e por isso passou de um povo para o outro. A arte da pré-história também mostra que a tatuagem é muito mais velha do que aparenta. Muitos desenhos da arte rupestre mostram figuras humanas com desenhos pelo corpo bem como estatuetas com estes mesmos desehos. Há uma hipótese de que, nos primórdios, marcas involuntárias adquiridas em guerras, lutas corporais e caças geravam orgulho e reconhecimento ao homem que as possuísse, pois eram expressões naturais de força e vitória. O homem, então, partindo da idéia de que marcas na pele seriam sinônimos de diferenciação e status, passou a marcar-se voluntariamente, fazendo ele mesmo seus ferimentos pelo corpo, que com o passar do tempo deu espaço para a criação de desenhos utilizando-se de tintas vegetais e espinhos para introduzi-las à pele. A partir daí, diversos povos, de diversas culturas começaram a usar pinturas definitivas por motivos espirituais, em rituais de várias espécies e fins, para a guerra, para marcar os fatos da vida biológica: nascimento, puberdade, reprodução e morte entre outros. No entanto, foi com a descoberta das múmias que ficou provado real e concretamente que a arte da tatuagem acompanha o homem desde o seu surgimento. A Múmia mais antiga do mundo (Otzi) foi encontrada em 1991, na Itália e data de 5.300 anos antes de Cristo, conservou-se congelada em um bloco de gelo e tinha tatuagens acompanhando toda a espinha dorsal, além de uma cruz numa das coxas e desenhos tribais por toda a perna. A segunda múmia mais antiga do mundo é de uma princesa egípcia que apresentava um grande espiral desenhado na barriga, região do baixo ventre, que alguns antropólogos relacionaram a possíveis rituais de fertilidade. Outras múmias apresentaram tatuagens de conteúdo mágico ou médico. Em algumas delas, como na múmia de uma sacerdotisa de 2000 a.C havia linhas horizontais e paralelas à altura do estômago, possivelmente para proteção contra gravidez ou doenças. Múmias com os mesmos tipos de sinais foram encontradas no vale do rio Nilo. Segundo especialistas, as tatuagens em múmias do sexo feminino tinham um efeito cosmético, para realçar seus encantos.

A tatuagem nas civilizações antigas
Os Pictus, do Norte Europeu, se tatuavam por acreditar que as tatuagens lhes davam força e que os desenhos ficavam marcados em suas almas para seus antepassados os reconhecerem após a morte. O povo Maori, da Nova Zelândia, Polinésia, Filipinas e Indonésia tatuavam-se em rituais religiosos, destacando-se pelo Moko, tatuagem tradicional feita no pescoço.Os povos Celtas e Vikings, os dinamarqueses, os normandos e os saxões, também desenvolveram os seus próprios estilos de tatuagem.
Para os Samoanos, o ato de pintar o corpo marcava a passagem da infância para a maioridade. A Idade Média baniu a tatuagem da Europa, com o argumento de que era “coisa do demônio”. Qualquer cicatriz, má formação ou desenho na pele não era visto com bons olhos. Essas pessoas eram perseguidas, aprisionadas e mortas em fogueiras pela inquisição a mando dos senhores feudais que queria exterminar possíveis “redentores do povo”.No Japão feudal as tatuagens eram usadas como forma de punição, tornando-se sinônimo de criminalidade. Para o japonês, muito preocupado com sua posição na sociedade, ser tatuado era pior do que a morte. Mais tarde, na Era Tokugawa, época de intensa repressão, ser criminoso se tornou sinônimo de resistência, popularizando a tatuagem. Foi nessa época que surgiu a Yakuza, a máfia japonesa, cujos membros têm os corpos todos pintados em sinal de lealdade e sacrifício à organização e simbolizando a sua oposição ao regime. Os chineses acreditavam que as tatuagens desviavam o mal de quem as possuía e marcavam a pele com labirintos sinuosos para confundir os olhos do inimigo.
Na América, tanto as tribos indígenas dos Estados Unidos, quanto as civilizações Maias e Astecas, eram praticantes da tatuagem. Para os Índios Sioux, tatuar o corpo servia como uma expressão religiosa e mágica. Eles acreditavam que após a morte, uma divindade aguardava a chegada da alma e exigia ver as tatuagens do índio para lhe dar passagem ao paraíso. Um pouco mais próximo da linha do equador, Cortez se espantou com o fato dos Maias praticarem o culto dos deuses de pedra. Mais ainda, estes povos tinham o costume de gravar as imagens dos seus deuses na própria pele. Apesar dos europeus terem desenvolvido a tatuagem com os Celtas e os povos bárbaros, os conquistadores nunca tinham visto uma tatuagem antes, o que ajudou a qualificarem os Maias de “adoradores do diabo” e os massacrarem pelo seu ouro.
Como a tatuagem chegou ao ocidente
O contato dos europeus com as culturas do pacífico foi a responsável pelo crescimento da tatuagem no ocidente durante o século XVIII. Na segunda metade do século XIX, as tatuagens viraram moda entre a realeza européia.No final do século XIX, a febre da tatuagem espalhou-se na Inglaterra . Graças à prática dos marinheiros ingleses em tatuarem-se vários segmentos da sociedade inglesa se tornaram adeptos da arte. Mas mesmo com a realeza tendo sido tatuada, a maioria das pessoas insistia em associar o ato de tatuar com uma propensão à criminalidade e marginalidade. Outros interpretavam a penetração da carne como uma tendência à homossexualidade.
A palavra tatuagem origina-se do inglês tattoo. O pai da palavra “tattoo” foi o capitão James Cook , que escreveu em seu diário a palavra “tattow”, também conhecida como “tatau”, uma onomatopéia do som feito durante a execução da tatuagem, em que se utilizavam ossos finos como agulhas, no qual batiam com uma espécie de martelinho de madeira para introduzir a tinta na pele.
A partir de 1920 a tatuagem foi ficando mais comercial, tornando-se mais popular entre americanos e europeus. Surgindo uma gama de tatuadores que eram artisticamente ambiciosos. Eles acharam muitos clientes nas décadas de 1950 e 1960. Durante muito tempo, nos Estados Unidos, a tatuagem esteve associada a classes sócio-econômicas mais baixas, aos militares, aos marinheiros, às prostitutas e aos criminosos.
Como a tatuagem chegou ao Brasil
A tatuagem elétrica chegou ao Brasil em junho de 1959, através do dinamarquês “Knud Harld Likke Gregersen”, que ficou conhecido como “Lucky Tattoo”. Knud dizia que suas tatuagens davam sorte, e em menos de seis meses, Lucky já era notícia de TV. Na foto ao lado, Lucky faz mais um trabalho. Note que naquele tempo, o uso de luvas não era considerado necessário pois doenças como a AIDS e Hepetite não era bem difundido e cuidados nunca eram tomados.
Esta é uma parte da história da tatuagem, no próximo post da série trarei os materiais usados em uma tatuagem
Nossa, amei o texto…parabén, já o publiquei no meu facebook, é tão bom quando se é provado o verdadeiro significado dessa arte..sem preconceito e pré-conceito!
Ótimo post!!!! Mais pessoas devem ler e tirar o tabu da cabeça!!!
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vale lembrar que os primeiros cristãos cativos em Roma (vindos da Grécia) usavam tatuagens para reconhecer outros cristãos e assim conversar com segurança.